A ALIANÇA MALIGNA DE BABILÔNIA
Temporariamente, esta cidade ficou ausente das páginas da história bíblica, mas não por muito tempo. De fato, em Gn 14, ela é mencionada novamente. Nos capítulos que se seguem, Deus lida com Abraão, o homem da fé. E, embora chamado por Deus, ele enfrentou muitas lutas. Ao ler os capítulos 11 a 13, você encontrará este homem lutando contra a fome e lidando com problemas familiares. Ao chegar ao capítulo 14, você o verá unindo-se com invasores estrangeiros. Deus prometeu a ele uma terra, contudo outros também a desejavam. Realmente, em Gn 14 encontramos pela primeira vez, após Deus haver espalhado as nações sobre a terra, uma união de nações. No entanto, essa reunião de nações não visava ao bem, pois elas estavam voltando para controlar a terra que Deus havia prometido a Abraão dois capítulos antes.
O capítulo de Gn 14 começa assim: “Sucedeu naquele tempo que Anrafel, rei de Sinear”. Veja só quem está de volta às páginas bíblicas... Sinear, que é Babilônia, é mencionada pela terceira vez no livro de Gênesis. “Arioque, rei de Elasar, Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goim”. Quatro reis se juntaram para ir subjugar a terra prometida a Abraão.
Dos quatro reis, o rei Quedorlaomer era o líder. Como sabemos disso? No versículo 4, lemos: “Doze anos serviram a Quedorlaomer”. Ele era o único no comando. No décimo terceiro ano de servidão, os povos subjugados se rebelaram.
A descrição contínua no versículo 5: “Ao décimo quarto ano veio Quedorlaomer e os reis que estavam com ele” e atacaram os rebelados. Portanto o texto é bem claro ao indicar que o rei Quedorlaomer era o principal dentre os quatro. Ele é o rei que reúne os outros aliados para atacar a terra. O que mais me toca é que Deus não vê a História da mesma maneira que nós. Deus nunca coloca em primeiro lugar aquele que, em nossa perspectiva, deveria ser o primeiro.
Quando Deus, de sua privilegiada posição no céu, olha para a terra, vê as nações se unindo de novo. Essas nações tinham a intenção de ameaçar a terra que Deus havia prometido a Abraão. E, assim, quem Deus menciona em primeiro lugar ao relacionar o quarteto de perturbadores? Anrafel, rei de Sinear. Realmente, ao relatar a história, o texto bíblico indica Quedorlaomer como o principal dentre os quatro, mas da perspectiva de Deus é Babilônia, Sinear, que está novamente a causar problemas. Por esta razão, Deus menciona o rei de Sinear primeiro.
Você conhece o resto da história. Ló, o sobrinho de Abraão, é capturado por esses reis e levado cativo de Sodoma, onde morava. Abraão, ao saber do ocorrido, sai em perseguição com poucos homens e, com o auxílio de Deus, consegue uma milagrosa vitória contra o exército inimigo, que era muito maior, resgatando Ló e toda a sua família. No caminho de volta, ele pára numa cidade que é mencionada pela primeira vez na Bíblia.
Encontramos tal relato nos versículos 18 a 20: “Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos.”.
Nesta passagem, somo introduzidos a um novo rei de uma nova cidade. Seu nome era Melquizedeque (de melqui “meu rei”, e sedeque, “de justiça”). Ele era rei-sacerdote que servia ao Deus verdadeiro, o Deus Altíssimo. Mais tarde, ele é descrito na Bíblia como uma personificação de Jesus Cristo. Definitivamente, ele era um rei-sacerdote, e Abraão lhe pagou o dízimo, reconhecendo sua legitimidade. Contudo, este não é o ponto que quero enfatizar.
Este ponto é a cidade que Melquizedeque lidera. Ele é rei de uma cidade chamada Salém. A Bíblia utiliza este nome duas vezes para referi-se a ela, mas todos nós a conhecemos por outro nome, usado com muito mais freqüência no texto bíblico. Esta cidade chamada Salém no versículo 18 é a que você e eu conhecemos comoJerusalém. É interessante perceber que suas características também estão inseridas aqui. Salém ou Jerusalém é a cidade onde Deus desce para abençoar os homens e mulheres de fé.
A partir deste ponto, poderíamos intitular a Bíblia como Um conto de Duas Cidades. A primeira cidade era Babilônia, onde a humanidade levantava seus punhos cerrados contra Deus, dizendo: “Nós não precisamos da tua ajuda; não te queremos, e tudo conseguiremos sem ti.” A segunda cidade é Salém ou Jerusalém, onde Deus desce e abençoa a todos os que se achegam a Ele com fé.
Deus, agora, ajusta o foco sobre Abraão e seus descendentes. Ele relata a história dos patriarcas, sua ida ao Egito, o êxodo do cativeiro egípcio, o período em que caminharam no deserto, a entrada na Terra Prometida, o período dos juízes. “Naqueles dias, não havia rei em Israel: cada um fazia o que achava mais reto” (Jz 21,25). Eles precisavam de um rei.
Primeiro eles escolheram Saul, que tinha porte de rei, mas não possuía um coração de fé. Então Deus escolheu Davi para reinar no lugar de Saul, pois ele era temente a Deus e zeloso de coração. Davi unificou a nação de Israel. Quando chegou a hora de escolher uma capital onde por meio de Davi Deus governaria Israel, adivinhe qual a cidade escolhida? Jerusalém, claro. Davi foi sucedido no trono por Salomão, seu filho, e aquela foi a hora de construir o templo de Deus, um lugar onde a sua glória estaria, fisicamente, habitando entre seu povo. Adivinhe em que cidade o templo foi edificado? Jerusalém!
Babilônia ficou fora das páginas da história bíblica por quase 1.300 anos. E, de fato, só após a morte de Salomão e a divisão do reino, depois da invasão de Israel, é que Babilônia retorna ao texto bíblico.
BABILÔNIA – O INIMIGO
Dirija-se agora a Isaías 39. Três diferentes passagens descrevem o mesmo evento, mas eu escolhi o texto de Isaías por uma razão muito específica. Nos capítulos 36 e 37 de Isaías, a cidade de Jerusalém foi cercada pelos exércitos do rei da Assíria. A Assíria estava localizada no lugar que conhecemos hoje como região norte do Iraque. O rei assírio já havia tomado a maior parte das cidades de Judá, e estava ameaçando a própria Jerusalém, mas Deus interveio milagrosamente e poupou a cidade.
Ao mesmo tempo, conforme o capítulo 38 de Isaías, o rei Ezequias ficou gravemente enfermo, com riscos para a própria vida. Ele iria morrer, mas, quando o rei orou a Deus, foram-lhe acrescentado mais 15 anos.
Após as maravilhosas experiências dos capítulos 36, 37 e 38, Ezequias entra num período de testes. Adivinhe quem entra em cena, retornado ao texto bíblico? “Nesse tempo, Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei da Babilônia, enviou cartas e um presente a Ezequias, porque soube que estivera doente e já tinha convalescido.” (Is 39.1). Ezequias é adulado pelo rei de Babilônia. Assim, durante um momento de fraqueza espiritual ou de insensatez, ele mostra aos visitantes babilônicos toda a sua riqueza e assume todos os créditos e louvores que deveriam ser destinados a Deus. A seguir, Deus novamente envia o profeta Isaías com uma mensagem.
Nos versículos 5 e 6, lemos: “Então, disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do Senhor dos Exércitos: Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o Senhor.”.
O verdadeiro inimigo de Judá não era a Assíria, e sim Babilônia. Cem anos após Isaías anunciar esta profecia ao rei Ezequias, ela se cumpriu integralmente. O rei Nabucodonosor, de Babilônia, avançou seus exércitos contra Jerusalém três vezes, e, aos seus ataques, Jerusalém ficou totalmente destruída. O rei da linhagem de Davi foi tirado do trono. Não houve mais desde então nenhum rei, da descendência de Davi, que se haja sentado no trono de Israel. Jesus Cristo apresentou-se como rei, mas o povo de Israel respondeu: “Crucifica-o! (...) Não temos rei, senão César!” (Jo 19.15).
A glória de Deus que habitava o templo se foi, e o templo de Salomão foi então destruído pelo rei babilônico. Os habitantes de Israel foram deportados de sua terra, e o rei Nabucodonosor tornou-se a cabeça de ouro da estátua descrita por Daniel. Ele deu início ao “Tempo dos gentios ¹”. Babilônia destruiu o reino de Deus aqui na terra.
BABILÔNIA SERÁ DESTRUÍDA
Estamos focalizando o livro de Isaías. Retorne, pois, ao capítulo 13.
Nos capítulos 1 a 12, Deus diz ao reino de Judá: “Eu irei julgá-los por seus pecados, e esses julgamentos não cessarão até que venha o Messias.” Ele então olha para as nações vizinhas, todas se esgueirando furtivamente, e diz: “Espere um minuto! De que vocês estão rindo? Se eu irei julgar o meu povo, o que os faz pensar que ficarão impunes?”
Então, nos capítulos 13 a 23, Deus se volta para todas as nações e lhes diz, uma a uma: “aqui está como irei julgar vocês.” É a lista de julgamentos de Deus, se preferir: “Eu irei julgar esta nação, destruirei aquela outra, e ainda aquela...” Deus tem a sua lista pronta. E quem Ele coloca como inimigo público número um de Israel? Que nação encabeça a lista elaborada por Deus, contendo os julgamentos divinos sobre as nações vizinhas de Israel?
Leia o que diz Isaías 13.1. Esta é a nação que inicia a lista de julgamentos contra as nações: “Sentença que, numa visão, recebeu Isaías, filho de Amoz, contra a Babilônia.” Nos tempos em que o profeta Isaías viveu, Babilônia era uma nação de pouca expressão e poder. A Assíria era a potência da Época. Ela é que havia ameaçado o reino de Judá. No entanto, a Assíria aparece em segundo lugar na lista preparada por Deus. A primeira nação que Deus menciona é Babilônia.
Deus continua o relato e descreve a destruição que virá contra a nação babilônica. Examinaremos cuidadosamente o que Ele diz. Não iremos ler todo o relato, mas nos deteremos apenas nos versículos 4 e 5: “Já se ouve sobre os montes o rumor como o de muito povo, o clamor de reinos e de nações já congregados. O Senhor dos Exércitos passa revista às tropas de guerra. Já vêm de um país remoto, desde a extremidade do céu, o Senhor e os instrumentos da sua indignação, para destruir toda a terra.” Deus anuncia: “Eu ajuntarei as nações para destruir a nação da Babilônia. Irei aniquilar não somente a cidade, mas também toda a nação.
Bem, neste momento, as perguntas que devo fazer são estas: “A que destruição Isaías está se referindo? Esta destruição aconteceria em seus dias? Ou em algum tempo futuro, porém antes de nossos dias? Ou ele está descrevendo a algo que, de nossa perspectiva, ainda é futuro? A resposta pode ser encontrada ao olharmos o texto com cuidado.
Eu percebo, no versículo 6, que Isaías começa a fornecer alguns detalhes temporais: “Uivai, pois está perto o dia do Senhor; vem o Todo-Poderoso como assolação.”
Isaías estabelece o contexto da destruição babilônica num período de que ele chama de “o dia do Senhor”. Bem, este evento, quando Deus virá ajustar as contas com a humanidade, julgando os injustos e resgatando os justos, pode acontecer em qualquer período. Contudo, será que Isaías tem um dias do Senhor específico em mente? Ele retorna este tema novamente, a partir dos versículos 9-13: “Eis que vem o Dia do Senhor, dia cruel, com ira e ardente furor, para converter a terra em assolação e dela destruir os pecadores. Porque as estrelas e constelações dos céus não darão a sua luz; o sol, logo ao nascer, se escurecerá, e a lua não fará resplandecer a sua luz. Castigarei o mundo por causa da sua maldade e os perversos, por causa da sua iniqüidade; farei cessar a arrogância dos atrevidos e abaterei a soberba dos violentos. Farei que os homens sejam mais escassos do que o ouro puro, mais raros do que o ouro de Ofir. Portanto, farei estremecer os céus; e a terra será sacudida do seu lugar, por causa da ira do Senhor dos Exércitos e por causa do dia do seu ardente furor.”
Deus diz: “ Eu irei julgar a Babilônia, e este julgamento acontecerá no dia do Senhor.” A que dia do Senhor está se referindo Isaías? Procure um dia do Senhor no qual se pode ver o Sol, a Lua e as estrelas escurecidos. Observe os sinais sobrenaturais nos céus, um tempo em que a Lua não dará a sua luz. Procure por um período em que Deus irá punir não somente Babilônia, mas, como está escrito no versículo 11: “Castigarei o mundo por causa da sua maldade e os perversos, por causa da sua iniqüidade.” Procure por um tempo no qual a humanidade será “mais escassa que o ouro puro”, pois haverá uma tremenda perda de vidas humanas nesse julgamento mundial. Observe um tempo em que os céus estremecerão e os alicerces da própria terra serão sacudidos.
Bem, se estas imagens lhe soam familiares, você pode encontrá-las no livro de Joel, capítulos 2 e 3, na descrição que este profeta faz do dia do Senhor, um dia que termina com a vinda de Jesus Cristo para assentar-se no trono e governar sobre Israel. Ou talvez você prefira is ao livro de Apocalipse, porque nos capítulos 6 a 19 estas são as imagens retratadas que deverão se mostrar um pouco antes do advento de Jesus Cristo à terra. Em essência, Isaías diz que Deus irá julgar Babilônia, não apenas a cidade como também toda a nação, e que isso acontecerá no dia do Senhor. Acontecerá sinais sobrenaturais nos céus, destruição na terra, perda instantânea de muitas vidas humanas. Tudo isso acontecerá quando Deus vier julgar o mundo por seus pecados.
Isaías prossegue descrevendo um inimigo que virá contra eles, e até menciona os medos, no versículo 17, embora o que ele descreveu não tenha se cumprido quando Ciro, rei do Império Medo-Persa, atacou Babilônia em 539 a.C. Ele não destruiu nada, pois não encontrou resistência. No entanto, este grupo que virá não dará importância à prata ou ao ouro, e sim procurará destruir e aniquilar tudo o que encontrar pela frente.
Então, no versículo 19, Isaias escreve: “Babilônia, a jóia dos reinos, glória e orgulho dos caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou.” Deus está dizendo: “Vocês saberão quando eu destruir Babilônia, porque será da mesma forma que destruí Sodoma e Gomorra.” Bem, embora esta descrição pinte um quadro mais nítido em nossa mente, Deus não nos deixa aqui imaginado o significado de suas palavras. Ele acrescenta: “Nunca jamais será habitada, ninguém morará nela de geração em geração; o arábio não armará ali a sua tenda, nem tampouco os pastores farão ali deitar os seus rebanhos.” (Is 13.20).
Muitas cidades foram destruídas no passado, apenas para serem reconstruídas. Jerusalém foi destruída, mas após 70 anos o povo voltou, porque o local não havia mudado, as fontes de águas permaneciam as mesmas, as estradas não haviam sido alteradas e, assim, apesar de as cidades haverem sido destruídas, voltaram à vida novamente.
Deus nos diz que, quando ele lidar com Babilônia, será de modo semelhante ao que fez com Sodoma e Gomorra. Nenhuma alma viva habitará aquelas terras por gerações; nem sequer por um breve período de tempo ninguém armará ali a sua tenda. Então ele complementa com algo que pode ser importante. Vamos estreitar a nossa visão ainda mais um pouco: “(...) nem tampouco os pastores farão deitar ali os seus rebanhos.” Quando os pastores deixam seus campos, eles se movem para lugares cada vez mais distantes de suas bases. Pode acontecer de o rebanho estar pastando em regiões tãodistantes que seja impossível voltar ao ponto de origem antes do pôr-do-sol. Quando isso acontece, os pastores procuram encontrar uma caverna, ou alguma edificação em ruínas, ou mesmo uma fundação, ou algo em que possam assentar o rebanho e passar a noite. Na manhã seguinte, eles deixam o local, prosseguindo em sua jornada. Deus afirma que, quando Babilônia for destruída, nós o saberemos. Sua destruição será como a de Sodoma e Gomorra. Ninguém viverá lá por gerações, nem armará tendas por um curto período de tempo, ou mesmo se assentará no local, por uma noite que seja. Poderia Deus afirmar mais clara e diretamente que, quando Babilônia for destruída, não sobrará mais nada lá?

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